O cenário que está montado diante do setor sucroenergético é extremamente complicado. E não existem indícios de melhora do cenário no curto prazo. De acordo com Beatriz Ferreira, pesquisadora do Pecege Projetos, o primeiro trimestre vai um teste da resiliência das usinas à crise.

“O setor já passou por vários momentos de recuperação, mas o ambiente ainda é muito incerto para traçar perspectivas. É muito provável que haja um processo de seleção natural no setor”, afirma a pesquisadora.

Para Ricardo Pinto, sócio-diretor da RPA Consultoria, há uma aceleração da seleção natural, porque a seleção já vinha ocorrendo com o grande número de grupos de usinas em RJ (Recuperação Judicial) e falidos.

“Eu diria que, caso a crise perdure mais uns 2 meses da forma como está, já temos o risco de que 29 das 275 usinas em operação no Brasil fora de RJ entrarem em RJ e/ou pararem suas operações. Caso a crise perdure por muito mais tempo, daí a quantidade aumenta substancialmente.”

As usinas em situação financeira delicada e com alto custo de produção provavelmente sucumbirão nessa safra. De acordo com ela, aquelas que resistirem serão as mais eficientes do ponto de vista financeiro, o que é saudável para o setor, como um todo – inclusive com possíveis impactos positivos na redução do custo médio de funding das usinas.

Além disso, as práticas que algumas usinas estão adotando para minimizar o custo de produção podem ser benéficas para o cenário pós-crise. Os preços baixos estão impondo um teto restritivo para os custos e as usinas estão rapidamente se adaptando a esse contexto.

“Não existe mais o ‘colchão de liquidez’, visto por alguns grupos sucroenergéticos na safra 2019/20 e, sendo assim, não existe espaço para manutenção de operações ineficientes. Neste sentido, vemos uma corrida para redução de perdas e maximização da utilização da estrutura produtiva. Os reflexos dessa contenção de custos podem se prolongar para as demais safras”, concluiu a pesquisadora.

 
 
Fonte: https://revistarpanews.com.br